O que é Débito técnico?

Tipicamente, débito técnico é uma dívida tecnológica que se pagará em algum tempo, muito semelhante a uma dívida financeira. A cada dia que se passa, o débito aumenta e poderá levar a tecnologia à falência.

Uma empresa que carrega um débito técnico carrega consigo uma ineficiência, uma baixa capacidade de inovação, tornando-a cada vez menos competitiva no mercado em que atua. As causas mais comuns do aparecimento do débito técnico são conhecidas, combatidas, mas ainda bastante frequentes.

  • Utilização de tecnologias obsoletas

Este cenário é comum, quando a empresa tem amarras grandes a uma tecnologia ultrapassada e encontra resistência dos técnicos, que têm total domínio sobre a tecnologia que dominam hoje. Isso cria uma zona de conforto, mas que é completamente estagnada.

  • Indefinição no escopo

Os projetos que são iniciados sem o escopo definido, isso é, sem clareza do que se deseja no final, crescem desordenadamente.

A arquitetura destes projetos é criada quase que em real time, de acordo com o que se espera para aquela entrega, com a falta de visibilidade do todo a arquitetura fica em segundo plano e se tornará um problema futuro.

  • Pressão de entrega

O débito técnico causado pela pressão da entrega é mais comum do que imaginamos, sobretudo em projetos de grande dimensão, com prazos apertados ou dimensionamentos malfeitos.

Quadrante do débito técnico

Martin Fowler definiu 4 causas diferentes do débito técnico, o quadrante ficou bastante conhecido na indústria de desenvolvimento de software e serve para definir o grau de risco que o seu débito técnico traz para o negócio.

Prudente e deliberado: É um débito técnico assumido e conhecido, é utilizado para testar conceitos, que se provados vão ser revisitados. Traz baixos riscos para o negócio.

Imprudente e deliberado: Leva em conta apenas a entrega a ser feita, a funcionalidade é atendida, olhando apenas para a realidade atual, ignorando todo o processo evolutivo da aplicação. Traz um risco de moderado/alto para o negócio

Prudente e inadvertido: É uma dívida consumidora de tempo, tipicamente ocorre quando um desenvolvimento é finalizado e após a finalização descobre-se que há forma de fazê-lo com melhor implementação. Há um risco baixo para o negócio

Imprudente e inadvertida: É o mais grave dos tipos de débitos técnicos, ocorre quando uma equipe tenta produzir o melhor, mas na verdade não tem conhecimento suficiente para fazê-lo. Há um risco alto para o negócio.

Como mitigar o débito?

Iniciar um projeto de tecnologia também é dar o início ao débito técnico, por menor que seja, controlado ou não todos os projetos vão ter em algum momento mais ou menos débitos técnicos. O segredo é controlar o débito técnico em custo, tempo e qualidade

Ter uma equipe preferencialmente, que trabalhe sobre uma única tecnologia, que utilize governança sobre as entregas é certamente um ponto a favor do combate à proliferação desordenada do débito técnico.

Utilizar ferramentas de análise da arquitetura desenhada e do desenvolvimento entregue, também ajudará a mitigar na raiz algum eventual problema criado

Adotar ferramentas de controle de projetos, com métricas realistas baseadas na velocidade do time alocado, é outro fator de controle do débito técnico.

Mais difícil de gerir, mas também possível de controlar, é a ansiedade da entrega. Envolver as áreas de negócio, dividir as entregas em pequenas porções de valor, ajudam a baixar a ansiedade e baixam a criticidade do aumento de débito técnico, causado pela pressão da entrega.

Uma das ferramentas que utilizamos e nos ajudam a baixar o débito técnico é a Outsystems e o AI Mentor – https://www.outsystems.com/low-code-platform/architecture-dashboard/

Texto escrito pelo nosso Head de Digital na Mirante, Rui David. Português, com mais de 20 anos trabalhando com OutSystems em Portugal, atuou no mercado espanhol e desde 2010 tem ajudado a impulsionar o uso da tecnologia no Brasil.